A implantação do Novo Processo de Importação (NPI) representa uma das transformações mais significativas do comércio exterior brasileiro nas últimas décadas.
Sob a gestão do Portal Único de Comércio Exterior, o NPI tem como objetivo principal modernizar, simplificar e integrar os fluxos de importação, promovendo maior eficiência operacional, segurança jurídica e transparência.
Para que os benefícios do NPI se concretizem, é fundamental que a liderança das empresas — especialmente os gestores das áreas de supply chain, comércio exterior e compliance — exerça um papel ativo e estratégico.
Este artigo aborda como o gestor pode conduzir a implantação do NPI com foco na redução de riscos e no ganho de eficiência, garantindo aderência às novas exigências e competitividade nos mercados internacionais.
O NPI é uma reformulação profunda do modelo tradicional de importação no Brasil. Entre suas principais mudanças, destacam-se:
-Substituição da DI (Declaração de Importação) pela DUIMP (Declaração Única de Importação);
-Integração de sistemas governamentais em uma única interface (Portal Único);
-Melhoria da previsibilidade e rastreabilidade dos processos;
-Uso de catálogo de produtos e LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos) previamente validados.
A liderança desempenha um papel essencial para garantir que a transição para o NPI ocorra de forma estruturada e eficaz. A seguir, veja os principais eixos de atuação do gestor nesse processo:
1. Planejamento Estratégico da Implantação
O gestor deve tratar a implantação do NPI como um projeto estratégico. Isso implica:
-Realizar um diagnóstico dos processos atuais de importação;
-Mapear os impactos operacionais, tecnológicos e regulatórios;
-Definir metas claras e um cronograma realista;
-Alocar recursos (pessoas, tecnologia, consultoria especializada).
A adoção de um plano de transição estruturado minimiza improvisos e garante que a empresa esteja em conformidade com os prazos estabelecidos pelos órgãos reguladores.
2. Integração com Áreas-Chave
O NPI não é responsabilidade exclusiva da área de comércio exterior. Envolve TI, jurídico, fiscal, logística, compras e até fornecedores externos. O gestor deve:
-Promover a comunicação interdepartamental;
-Definir responsáveis por etapas críticas;
-Garantir alinhamento entre requisitos legais e processos internos.
A liderança colaborativa é vital para que o projeto avance com sinergia e agilidade.
3. Foco em Redução de Riscos
Uma das maiores vantagens do NPI é permitir rastreabilidade total da importação, o que reduz riscos de autuações, atrasos e custos ocultos. O gestor pode:
-Implementar procedimentos de verificação prévia de dados (como classificação fiscal, origem e NCM);
-Validar o catálogo de produtos com antecedência;
-Automatizar o controle de documentos sensíveis (LPCOs, contratos, licenças).
Esse controle proativo mitiga falhas e aumenta a segurança jurídica da empresa.
4. Automação e Eficiência Operacional
A digitalização dos processos é uma premissa do NPI. O gestor deve conduzir a empresa à adoção de soluções tecnológicas que:
-Agilizem o preenchimento e a transmissão da DUIMP;
-Se integrem ao ERP da empresa e ao Portal Único;
-Reduzam a carga de trabalho manual e os retrabalhos operacionais.
A eficiência operacional é alcançada por meio da padronização, da eliminação de redundâncias e da automação inteligente.
5. Capacitação e Gestão da Mudança
Nenhuma transformação é bem-sucedida sem pessoas preparadas. O gestor precisa atuar como agente de mudança, promovendo:
-Treinamentos contínuos sobre os aspectos técnicos do NPI;
-Envolvimento das equipes na identificação de melhorias;
-Acompanhamento de indicadores de desempenho durante a transição.
A cultura de aprendizado e adaptação é determinante para garantir a longevidade dos ganhos.
Quando bem conduzida, a implantação do NPI oferece vantagens concretas, como:
-Redução de tempo no desembaraço aduaneiro;
-Melhoria na previsibilidade dos custos de importação;
-Fortalecimento da governança e do compliance regulatório;
-Otimização dos estoques e planejamento logístico;
-Aumento da competitividade internacional.
Mais do que uma obrigação, o NPI representa uma oportunidade de transformação estratégica para as empresas que desejam operar com excelência no comércio exterior.
Conclusão
A liderança do gestor na implantação do Novo Processo de Importação é fundamental para que a empresa não apenas se adapte às exigências regulatórias, mas também ganhe agilidade, segurança e eficiência em suas operações internacionais.
Ao tratar o NPI como um projeto estratégico, envolvendo as áreas certas, investindo em tecnologia e capacitação, o gestor posiciona a organização em um novo patamar de desempenho — mais preparado para os desafios e oportunidades do comércio global.