
O ano de 2025 consolidou-se como o ano da virada digital no comércio exterior brasileiro.
Não foi apenas um avanço incremental: foi o momento em que tecnologia, automação regulatória, fiscalização inteligente e integração sistêmica passaram de tendências para realidade operacional.
A combinação entre DUIMP, Catálogo de Produtos estruturado, avanço do Programa OEA, novas capacidades de análise preditiva, uso intensivo de IA pelas autoridades aduaneiras e inovações na governança fiscal elevou drasticamente o nível de exigência — e a maturidade esperada — das empresas importadoras e exportadoras.
Um marco regulatório de destaque foi a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do PLP 125/22, que determina a inclusão do devedor contumaz em cadastro da Receita Federal, com integração obrigatória entre os fiscos federal e dos estados e municípios.
A proposta cria mecanismos de cooperação, classificações diferenciadas para “bons pagadores” e incentivos à conformidade fiscal por meio de programas como Confia, Sintonia e até o próprio Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA) — reforçando um modelo de conformidade baseado em transparência, governança e mitigação de risco.
Para os líderes, o desafio de 2025 não foi apenas acompanhar as mudanças: foi resignificar o modelo operacional para garantir continuidade, previsibilidade e competitividade diante de um cenário mais transparente, mais rigoroso e cada vez mais orientado por dados.
Este ano foi marcado pela consolidação da DUIMP como núcleo digital da importação no Brasil. Com o avanço do módulo de Pagamento Centralizado, Catálogo de Produtos obrigatório para setores estratégicos e integração mais profunda com transportadores, recintos e sistemas privados, o fluxo aduaneiro tornou-se mais rastreável e mais exigente.
Principais viradas:
Rastreabilidade total dos dados: divergências entre atributos do SKU, NCM e documentação agora emergem antes do desembaraço, reduzindo margem para improviso.
Mais automações de validação: erros que antes eram identificados por despachantes passam a ser capturados pelo próprio sistema.
Menos espaço para correções tardias: a lógica digital exige precisão na origem, não remendos no canal.
A DUIMP orientada por dados elevou o padrão, punindo empresas com estrutura documental frágil e premiando quem possui processos maduros.
Se antes era visto como obrigação burocrática, em 2025 o Catálogo de Produtos tornou-se um ativo estratégico.
Empresas que estruturaram seus atributos críticos — origem, composição, aplicação, especificações técnicas — colheram benefícios tangíveis:
-Redução de multas por classificação incorreta;
-Menos exigências complementares durante o desembaraço;
-Previsibilidade nos prazos e custos logísticos;
-Melhor integração com transportadores e recintos aduaneiros.
O maior aprendizado do ano: gestão de atributos virou gestão de margem. Organizações com Catálogo robusto reduziram litígios, driblaram contingências e aceleraram o ciclo operacional.
OEA em expansão: 2025 foi o ano da consolidação como ferramenta de negócios
A certificação OEA deixou de ser um selo de conformidade e passou a ser tratada como alavanca de competitividade por multinacionais e grandes importadores.
Três movimentos marcaram 2025:
-Valuation e M&A: auditorias aduaneiras tornaram-se determinantes no preço de aquisição de empresas. O Programa OEA passou a ser visto como proxy de
governança.
-Fluxo de caixa mais eficiente: regimes especiais equilibrados e previsibilidade fiscal melhoraram a gestão financeira.
-Pressão das cadeias globais: parceiros internacionais passaram a exigir maturidade aduaneira como pré-requisito em integrações logísticas.
Executivos perceberam que a certificação OEA não reduz apenas custo: reduz incerteza — o ativo mais valioso de uma operação global.
Este também foi o ano em que a fiscalização deixou de ser apenas documental e passou a ser comportamental e preditiva.
Autoridades intensificaram o uso de IA para:
-Identificação de padrões atípicos por importador, produto, origem ou fornecedor;
-Análise massiva de atributos técnicos para confirmação de NCM;
-Cruzamento de dados logísticos, fiscais e operacionais;
-Seleção de parametrizações com base em risco real, não apenas histórico.
O efeito para o setor privado foi direto: menos espaço para inconsistências, maior visibilidade dos riscos e mais rigor técnico na elaboração de documentos.
O caos logístico pós-pandemia deixou lições que só foram plenamente incorporadas em 2025.
Sistemas de visibilidade global — integrando portos, armadores, recintos e agentes — tornaram-se padrão.
Executivos passaram a priorizar:
-Track & trace em tempo real;
-Alertas automatizados de atrasos, demurrage e desvios;
-Integração entre logística, aduana, financeiro e compliance;
-Indicadores de risco por rota, fornecedor e modal.
A operação deixou de “esperar a carga chegar”: agora antecipa problemas antes que eles gerem custo.
Outro ponto que marcou a entrada definitiva dos temas aduaneiros na agenda estratégica. Boards passaram a cobrar:
-Mapas de risco tributário e aduaneiro;
-Planos de contingência estruturados;
-Governança sobre regimes especiais e classificações;
-Indicadores de performance para importação e exportação;
-Mecanismos de auditoria contínua em fornecedores e despachantes.
A maturidade aduaneira deixou de ser responsabilidade isolada da área de comércio exterior e tornou-se componente essencial da governança corporativa.
As empresas que deram o salto digital em 2025 obtiveram ganhos concretos:
-Redução de até 40% em custos imprevistos (armazenagem, multas, demurrage);
-Aceleração do lead time de importação;
-Consistência fiscal e regulatória;
-Menor volatilidade no fluxo de caixa;
-Mais previsibilidade nos processos de suprimento global;
A mensagem do ano foi clara: adoção tecnológica não é opcional — é determinante para manter margem e competitividade.
A aprovação do PLP 125/22, que aguarda sanção, foi um divisor de águas para o ambiente de conformidade fiscal e aduaneira.
A norma estabelece uma estrutura nacional de integração, rastreabilidade e transparência entre fiscos federal e estaduais — alinhada às melhores práticas ESG e ao movimento global de “risk-based supervision”.
Com a PLP 125/22, a Receita Federal passa a registrar comportamento reiterado de inadimplência, enquanto estados e municípios devem integrar dados ao mesmo ecossistema.
Impactos:
-Maior padronização;
-Mais simetria de informação;
-Maior previsibilidade na análise de habilitações, OEA, regimes e fiscalizações.
Recompensa ao bom pagador
Contribuintes com histórico sólido poderão receber:
Atendimento prioritário;
-Simplificações;
-Benefícios operacionais;
-Vantagens em autorregularização e garantias.
É uma lógica moderna de “compliance cooperativo”.
O PLP define governança, critérios e incentivos. Para o comércio exterior, isso significa que programas de confiança passam a ser pilares oficiais da arquitetura fiscal brasileira.
Incentivos financeiros
Empresas de alta conformidade poderão acessar:
-Bônus de até 3% sobre a CSLL dentro de faixas reguladas;
-Reduções de multas;
-Parcelamentos especiais.
Impacto direto no Comex
-Fisco mais integrado significa fiscalização mais assertiva.
-Conformidade fiscal e aduaneira tornam-se indissociáveis.
-A maturidade documental e digital passa a ser requisito para competitividade.
O PLP 125/22 materializa, em lei complementar, o espírito da virada digital de 2025.
Conclusão
A virada digital não foi sobre tecnologia isolada, mas sobre elevar a maturidade operacional, a precisão técnica e a governança aduaneira a um novo patamar.
As empresas que lideraram em 2025 foram aquelas capazes de transformar dados em previsibilidade, previsibilidade em eficiência e eficiência em vantagem competitiva contínua.
Para executivos e C-levels, o ponto de atenção agora é claro: operar com excelência em 2026 exigirá processos integrados, atributos técnicos consistentes, monitoramento contínuo, disciplina documental e uma abordagem estratégica ao gerenciamento de riscos.
O ambiente regulatório está mais transparente, mais conectado e muito menos tolerante a inconsistências — e isso redefine completamente a forma como decisões de investimento, expansão e supply chain são tomadas.
A questão deixou de ser “quando digitalizar?” e passou a ser:
“Minha empresa está preparada para competir em um ambiente onde maturidade aduaneira virou determinante para margem, governança e reputação?”
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